O ouro pode enfrentar alguns desafios, mas eles tendem a ser de curta duração. Os mercados financeiros parecem ter aceitado que o Fed não reduzirá a taxa dos fundos federais em dezembro, apesar de uma série de dados fracos vindos de fontes alternativas. Ainda assim, os derivativos apontam para uma probabilidade de 68% de afrouxamento da política monetária em janeiro, com possibilidade de que os custos de empréstimo caiam até 50 pontos-base.

Não surpreende, portanto, que cerca de 26% dos 172 gerentes financeiros, que administram aproximadamente US$ 475 bilhões, tenham escolhido o metal precioso como seu principal investimento para 2026. O único concorrente que o supera é o iene japonês, que recebeu 30% das preferências em uma pesquisa do Bank of America. Segundo o Saxo Bank, a resiliência do XAU/USD decorre do fato de bancos centrais e fundos de hedge estarem absorvendo a pressão vendedora originada dos investidores de varejo.

Ativos preferidos dos gestores financeiros em 2026

Apesar da queda registrada no final de outubro, o metal precioso ainda acumula alta superior a 50% desde o início de 2025 e caminha para seu melhor desempenho anual desde 1979. O fortalecimento do dólar e a alta dos rendimentos dos Treasuries dos EUA impõem obstáculos ao ouro. No entanto, há também fatores de suporte: os riscos geopolíticos seguem elevados, a dívida nacional dos EUA continua crescendo rapidamente e os bancos centrais permanecem ativos no mercado de ouro.

O Goldman Sachs afirma que os EUA compraram 64 toneladas de ouro em setembro — três vezes mais do que em agosto. Além disso, o Banco Popular da China ampliou suas reservas em 15 toneladas, reportando oficialmente um total de 1,24 mil toneladas. Segundo o banco, as compras mensais médias dos reguladores estão projetadas em 80 toneladas. Essa tendência leva o Goldman Sachs a manter sua previsão de US$ 4.900 por onça até o final de 2026.

Dinâmica do ouro em relação a outros ativos

O ouro pode retomar sua tendência de alta em 2026? Muito disso dependerá da Casa Branca. Donald Trump interrompeu temporariamente sua campanha de pressão sobre o Fed para reduzir a taxa dos fundos federais. No entanto, é improvável que o presidente dos EUA tenha abandonado essa ideia. Ele acredita que os custos de empréstimos deveriam cair para 1%, o que representaria uma redução de 300 pontos-base em relação aos níveis atuais.

Segundo um modelo da Bloomberg, caso esse cenário se concretize, a economia dos EUA poderia registrar uma aceleração significativa em 2026. Porém, uma inflação descontrolada poderia desencadear estagflação e uma recessão já em 2027. Diante disso, o ouro pode apresentar um comportamento volátil: inicialmente subiria com a queda das taxas e o enfraquecimento do dólar, depois poderia recuar diante de um fortalecimento econômico — para, finalmente, retomar um novo rali.

Por enquanto, os investidores estão focados nas atas da reunião do FOMC de outubro e nas estatísticas de emprego de setembro nos EUA. Como isso afetará o XAU/USD?

Tecnicamente, no gráfico diário, o ouro está formando um padrão de reversão 1-2-3 e um triângulo. Uma queda no preço do ouro abaixo de US$ 4.040 e US$ 4.000 poderia indicar um aumento nas posições de vendas, enquanto uma alta acima de US$ 4.210 por onça sinalizaria possíveis oportunidades de compra.