Quando uma multidão identifica um líder, ela avança incansavelmente, eliminando tudo em seu caminho. Os investidores de varejo atenderam ao chamado do Morgan Stanley para "comprar na baixa" e passaram a adquirir ações dos EUA com vigor renovado. Como resultado, suas posições líquidas compradas ultrapassaram os US$ 4 bilhões em 19 de maio — um recorde histórico.

O mercado ignorou o rebaixamento da classificação de crédito dos EUA e segue ouvindo apenas o que deseja.

Racionalmente, a ação da Moody's deveria ter servido como um sinal de alerta sobre as condições de sobrecompra no S&P 500. Os problemas fiscais dos EUA podem se agravar significativamente se o Congresso optar por estender os cortes de impostos de 2017 sem reduzir os gastos públicos. Isso poderia provocar um aumento nos rendimentos dos Treasuries, elevando os custos corporativos, pressionando os lucros e derrubando os principais índices de ações ao redor do mundo.

Por ora, no entanto, o avanço nos rendimentos dos títulos parece não preocupar a maioria dos investidores.

Índice MSCI vs. Dinâmica dos rendimentos do Tesouro dos EUA

Tampouco a falta de disposição do Federal Reserve em agir parece preocupar o mercado. Segundo o presidente do Fed de Nova York, John Williams, é improvável que o banco central adote uma posição clara sobre os impactos econômicos das políticas da Casa Branca antes de junho ou julho. A expectativa é de que um eventual corte na taxa de juros só ocorra a partir de setembro — uma visão que se reflete no mercado futuro, que agora projeta apenas dois cortes até o fim do ano. Normalmente, isso decepcionaria os mercados acionários dos EUA — mas não desta vez. O JPMorgan alertou que, mesmo diante de uma possível recessão global, os bancos centrais talvez não estejam dispostos a agir: tornaram-se complacentes demais.

O HSBC afirma que a trégua comercial entre EUA e China foi um divisor de águas, impulsionando um aumento sustentado no apetite por risco. O Wells Fargo corrobora essa leitura, aconselhando os investidores a deixarem de lado os mercados emergentes em favor das ações americanas. A economia global pode até se recuperar até o fim do ano, mas, por ora, a ordem é clara: Buy America.

S&P 500 vs. Dinâmica do Índice de Mercados Emergentes

Se nem mesmo o rebaixamento da classificação de crédito dos EUA abalou o mercado, talvez seja necessário um choque ainda maior para provocar uma correção no S&P 500. Investidores de varejo estão contribuindo para a formação de uma bolha no índice de mercado amplo e, quando essa bolha estourar, a queda poderá ser abrupta. O JPMorgan estima que uma crise de crédito, combinada com a revisão negativa das projeções de lucros, poderia provocar uma correção de até 10% nas ações americanas.

Mas isso seria suficiente para reintroduzir o medo? Se a Moody's e o Fed não conseguem mudar a opinião do público, será que as empresas privadas conseguirão?

Perspectiva técnica

No gráfico diário do S&P 500, os touros conseguiram manter o índice acima do nível-chave de 5900, preservando posições de compra. Faz sentido manter essas posições de compra por enquanto, visando 6045 e 6120. Um stop-loss é recomendado próximo ao conjunto de níveis de pivô em 5900.