Berkshire Hathaway cai após Warren Buffett deixar o cargo de CEO. O setor de serviços dos EUA mostra crescimento em abril. Skechers sobe após um acordo de privatização de US$ 9 bilhões. Os investidores aguardam acordos comerciais entre os EUA e seus parceiros. As moedas asiáticas ocupam o centro do palco após um forte salto no dólar taiwanês. Os principais índices caem: Dow caiu 0,24%, S&P 500 caiu 0,64%, Nasdaq caiu 0,74%.
Os mercados fazem uma pausa após uma recuperação recorde
Na segunda-feira, o S&P 500 registrou uma queda, encerrando sua mais impressionante sequência de alta nas últimas duas décadas. Os investidores adotaram uma abordagem de esperar para ver antes de uma reunião importante do Federal Reserve agendada para o final desta semana. O otimismo foi atenuado por comentários inesperados do Presidente Donald Trump sobre tarifas futuras.
Nove passos para cima e um passo para trás
Os primeiros sinais de alerta apareceram em 2 de abril, quando o governo Trump divulgou seu pacote inicial de medidas tarifárias. Naquela época, o S&P 500 perdeu quase 15% em um curto período. Entretanto, os mercados se recuperaram rapidamente, com o índice registrando nove dias consecutivos de ganhos, sua maior sequência desde 2004. A queda de segunda-feira marcou a primeira interrupção dessa recuperação.
Onda de correção atinge os três principais índices
Na segunda-feira, todos os principais índices de Wall Street fecharam em baixa, refletindo a ansiedade dos investidores com relação aos comentários da Casa Branca sobre tarifas e notícias corporativas. A recuperação de nove dias do Dow chegou ao fim, e o setor de tecnologia ficou sob nova pressão.
Resumo do dia de negociação:
- O Dow Jones Industrial Average caiu 98,60 pontos (-0,24%), fechando em 41.218,83, encerrando sua mais longa sequência de vitórias desde dezembro de 2023.
- O S&P 500 caiu 36,29 pontos (-0,64%), terminando em 5.650,38.
- O Nasdaq Composite caiu 133,49 pontos (-0,74%), para 17.844,24.
Hollywood no limite
Os comentários do Presidente Trump sobre possíveis tarifas de 100% sobre filmes estrangeiros assustaram as ações de mídia, com as empresas envolvidas na produção e distribuição caindo no vermelho. Entretanto, no fechamento das negociações, algumas das perdas foram parcialmente recuperadas:
- A Netflix caiu 1,9%, encerrando uma sequência de 11 dias de vitórias.
- A Amazon.com também caiu 1,9%, continuando a pressão sobre o setor de tecnologia de ponta.
- A Paramount Global caiu 1,6%, reagindo a temores de restrições de importação de conteúdo de mídia.
Buffett deixa o comando
As ações classe B da Berkshire Hathaway caíram 5,1% após o lendário investidor Warren Buffett anunciar sua decisão de deixar o cargo de CEO. A saída do "Oráculo de Omaha" marcou um momento simbólico e gerou preocupações entre os investidores sobre os rumos futuros da companhia.
Todos os olhos voltados para o Fed
Agora, o foco dos investidores está na quarta-feira, quando o Federal Reserve divulgará sua mais recente decisão de política monetária. Analistas esperam que a taxa básica de juros permaneça inalterada, mas as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, serão cuidadosamente analisadas em busca de sinais de uma possível mudança na política.
Segundo dados da LSEG, os mercados já precificam um corte de até 75 pontos-base na taxa de juros até 2025, com a primeira redução podendo ocorrer já em julho.
Tarifas e lucros: um equilíbrio delicado sob ameaça
Além das expectativas em relação ao Fed, os investidores estão cada vez mais inquietos com os possíveis impactos das políticas tarifárias dos EUA. O reflexo foi imediato nos relatórios de lucros corporativos: as ações da Tyson Foods despencaram 7,7% após a empresa de alimentos não atingir as projeções de receita.
Analistas alertam que novas barreiras comerciais podem comprometer cadeias globais de suprimento e pressionar as margens de lucro — especialmente em setores altamente dependentes das exportações.
Destaque do dia: Skechers surpreende Wall Street
Em contraste com o setor de alimentos, o varejo trouxe boas notícias. A Skechers se destacou como a estrela do dia, com suas ações disparando 24,3% após o anúncio de aquisição pela gestora de private equity 3G Capital, em uma transação avaliada em US$ 9,4 bilhões. O negócio já é considerado uma das maiores fusões e aquisições do setor de consumo neste ano.
Volatilidade sem sobressaltos
Os mercados acionários globais operaram dentro de uma faixa estreita nesta terça-feira, refletindo a cautela dos investidores diante das incertezas comerciais e das dúvidas quanto ao cenário econômico mais amplo. No câmbio, o dólar dos EUA começou a recuperar parte das perdas recentes, especialmente frente às moedas asiáticas, à medida que operadores reavaliam os riscos da postura comercial de Washington.
Hong Kong soa o alarme
A atividade se intensificou em Hong Kong na terça-feira, onde o regulador cambial foi forçado a intervir para proteger a banda de câmbio local. O banco central gastou US$ 7,8 bilhões para evitar um fortalecimento excessivo do dólar de Hong Kong — a maior intervenção em meses.
Yuan e dólar taiwanês lideram os ganhos
Na China continental, o yuan subiu para 7,23 por dólar, alcançando seu nível mais alto desde 20 de março. Ainda mais notável foi o rali do dólar de Taiwan, que na manhã de terça-feira manteve-se próximo a 30 por dólar — quase no pico de três anos registrado na segunda-feira (29,59). Em apenas dois dias, a moeda taiwanesa acumulou uma valorização impressionante de 8%.
Mercados acionários asiáticos perdem força
Apesar da ação cambial, os mercados de ações regionais apresentaram um desempenho fraco. O MSCI Asia-Pacific Index (excluindo o Japão) caiu 0,2%, uma vez que os mercados japoneses permaneceram fechados por causa de um feriado nacional, contribuindo para o fraco impulso geral em toda a Ásia.
- O índice TWII de Taiwan caiu 0,3%, reagindo à força da moeda local, o que pode prejudicar a competitividade das exportações.
- Na China, onde as negociações foram retomadas após os feriados, o índice CSI300 abriu ligeiramente em alta, refletindo um otimismo cauteloso.
- Enquanto isso, o Hang Seng de Hong Kong caiu 0,2%, pressionado pela intervenção cambial e pela crescente incerteza do mercado.
Fraca esperança de diálogo
Em meio à turbulência em curso, investidores se agarram a uma tênue esperança de distensão após surgirem relatos de que a China estaria considerando retomar negociações comerciais com os Estados Unidos. Washington teria apresentado uma proposta formal, e fontes oficiais afirmam que Pequim está atualmente avaliando os possíveis termos. Esse desdobramento tornou-se um novo ponto de atenção para os mercados e pode influenciar o sentimento nas próximas semanas.
Petróleo se estabiliza após queda acentuada
Os preços do petróleo deram sinais de estabilização nesta terça-feira, após uma forte queda no dia anterior que levou as cotações aos níveis mais baixos dos últimos quatro anos. A venda em massa foi motivada por uma iniciativa da OPEP+ de acelerar o aumento da produção, o que gerou preocupações entre traders e analistas sobre um possível excesso de oferta diante de uma demanda ainda frágil.
Embora não tenha havido movimentos dramáticos, o clima no mercado continua tenso. Investidores acompanham de perto o equilíbrio entre oferta e demanda, ao mesmo tempo que avaliam os riscos econômicos mais amplos — incluindo os efeitos da guerra comercial e os sinais de desaceleração da produção industrial global.
Investidores recorrem ao ouro em busca de segurança
Diante da incerteza nos mercados e do aumento das tensões geopolíticas, o ouro voltou a ser um porto seguro para os investidores. Nesta terça-feira, o metal precioso atingiu seu maior valor em uma semana, refletindo o aumento da demanda por ativos de proteção. Esse renovado interesse pelo ouro é impulsionado não apenas pela volatilidade nos mercados de commodities, mas também pelas expectativas em torno das próximas ações do Federal Reserve e pelos sinais de desaceleração econômica global.
Analistas observam que, caso a incerteza persista, a demanda por ouro pode continuar crescendo — especialmente diante da fraqueza do dólar e dos primeiros sinais de queda nos rendimentos dos títulos do governo.